Pedras do castelo




Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.



Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um "não".

É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…

Fernando Pessoa

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Amor a natureza

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Fernando Pessoa

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Não sei quantas almas tenho




Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

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Na Solidão

Foi na Solidão...
Que me perdi na multidão,
Deparei-me com ingratidão
Arrebatado foi meu coração...
Com a Solidão...
Que encontrei o perdão para a Alma,
A serenidade para o espírito
A fé que acalma
A melodia no infinito...

Na Solidão...
Percebi acolhimento e brandura
Ressuscitando o meu viver
Com criaturas mais que puras
Ajudando-me para o crescer...
É com solidão...
Que ofereço o meu abraço
Um sorriso sincero
Paz nos sentimentos que enlaço
Carinhos e compreensão...

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Refúgio




Refugiei-me para esquecer,
tentei apagar da mente,
matar a semente que plantei.

Refúgio doloroso,
cheio de espinhos,
encravados na alma,
desviando-me do caminho.

Refúgio que me isola,
és fogo que me queima,
que arde e me devora.

Refugiei-me nas palavras
escritas.Malditas palavras
sentidas , que me corroem o
peito, palavras sofridas.

Refúgio feito de solidão,
de partidas e vindas
nas lembranças de uma canção.

Refugo de algumas horas
pensadas , inutilmente passadas,
são fugas fazendo-me perder
em sonhos ,numa folha de papel em branco,
a escrever.

Refugiei-me de ti,
em ti também me socorri,
e em ti eu me perdi.

Restou-me o refúgio,
deste casulo que me envolve,
trancada em quatro paredes,
assinando num poema : O MEU NOME.

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Solidão




Solidão é espaço vago no coração,
não tem fundo, nos afunda no abismo
da escuridão, é vazio cheio de despeito,
um buraco no peito, um deserto de amplidão.

Solidão é um silêncio medonho,
do tamanho do próprio ser, que enche
a alma muitas vezes sem um porquê.

Solidão é como um barco naufragado,
sem um porto para ancorar, que vagueia
sem rumo, perdido em alto mar.

Solidão é caminhar conversando com
própria sombra refletida, e na loucura
de cada passo saber que esta sombra
tem vida.

Solidão é chuva fina em dias de frio,
é observar da vidraça os pingos caindo
até se formarem um rio.

Solidão não tem chão,
não tem fundo,
é buraco profundo
criado no coração.

Solidão é flor sem perfume,
céu sem mar,
mar sem ondas,
noite sem luar,
é rastro desmanchado pelo vento
de um pássaro que já não pode
mais voar.

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Vermelho rubro





Veja o vermelho rubro
em cada verso que escrevo
manchando uma folha em branco
do vermelho intenso que me escorre
pelos dedos.


Vermelho rubro...
do corte feito em meus sentimentos,
derramado no manuscrito que deixo,
letra por letra escorridas dos meus
pensamentos.

Manuscrito de sangue
em cada verso que escrevo.
Vermelho rubro
que me escorre pelos dedos.

Deixarei lindas rosas rubras
despetaladas sobre o manuscrito, tão vermelhas
e vivas, quanto o amor que sinto.

Leni Martins

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Cada gota uma rosa




Derramarei a última gota vermelha
na estrada da ilusão
deste sangue que goteja
demarcando uma paixão.

Cada gota, um esquecimento
em cada esquecimento ,uma dor...
em cada dor, um pedido de socorro,
em cada gota, o amor.

Brotará neste chão manchado
rosas repletas de espinhos,
que se alimentarão de cada gota do meu
sangue gotejado no caminho.

Gota por gota
respingando em desalinho,
regando as rosas negras
que brotaram no caminho.

Cada gota, um esquecimento,
em cada esquecimento, uma cicatriz
das rosas negras que brotaram dentro
do meu peito criando tua raiz.

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Ressurreição




Ressurgirei das cinzas
num leve sobro do vento,
de alma lavada,
intacta...
de onde estou há muito tempo.

Nos porões da minha saudade,
mantenho-me em cativeiro,
juntando os meus pedaços
que um dia foi inteiro.

Ressurgirei com a força
de um guerreiro...
Deixando minha fraqueza no passado
e todo meu medo.

Abrirei meu peito num suspiro
profundo,
renascendo para vida,
deixando penetrar em minha alma
toda luz que há no mundo

Ressurgirei deste casulo
como as borboletas nascem depois
de muito tempo no escuro, no esplendor
de suas cores batem asas pro futuro.

Renascerei...
Ressurgirei de toda dor contida...
Em meio aos jardins, serei uma
flor ainda não colhida,
orvalhada pelo sereno da madrugada que
se finda.

Em meio às constelações serei
uma estrela expressiva
que ofuscará repentinamente
lampejos em tua retina.

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Trago apenas eu

Trago-lhe um punhado de folhas secas
apanhadas pelo vento,
um punhado de tristeza sem sorriso,
sem destreza,recolhido pelo tempo.

Trago em minha face traços de cansaço,
estilhaços de sofrimento,
retratando pedaços de momentos.

Refletido em meus olhoso tormento,
o escuro de um lamento frio e de dor.

Trago nas mãos
um punhado de flores
sem perfume, sem cor...murcharam
pois perderam seu encanto
pelo tempo que esperaram.

Trago em meu peito
uma ferida ainda não cicatrizada
que ainda sangra se tocada.

Trago um punhado
do que restou em mim.
Restou tão pouco... que até já esqueci.

Trago um punhado de dor e mel.
o amor que antes era doce, hoje é fel.
Sem troféu e condenada.
Levo sobre o ombro uma cruz pesada.

Mas trago no coração
um punhado de esperança,
pois as flores murchas voltarão a perfumar,
colorir e encantar.

Trago apenas eu,
renascendo das cinzas,
tentando ressuscitar.

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Não Temo Mais

Não temo mais...
os fantasmas que me perseguem.
Eles já fazem parte das minhas noite e tardes.
Convivem comigo em meu cárcere.
Fazem-me companhia
em dias de nuvens negras onde
o sol não brilha.

Na lama, onde atolo minhas poesias,
escureço meu olhar, perco minha alegria,
confesso em meus versos as tristezas dos meus dias

Não temo mais ao confrontar-me comigo,
já me vejo no espelho como assombração
admito...
ser um ser abatido, meio sem cor,
pálido e ferido.

Vou ficando frio...
sem emoções..neste meu vazio.
No oco do meu mundo
vou desfilando letras e compondo
meu absurdo.

O escuro não me aflige mais...
se não tenho estrelas fico apenas
com os vendavais.
Se nem o vento aqui passar, fico apenas
com o silêncio a me silenciar.

Não temo mais a boca seca,
nem as mãos cruzadas,
nem ao arrepio que me chega
em horas desesperadas. Ajoelho-me
e me entrego ao exílio de minhas palavras.

Durmo entre as navalhas...
Acordo entre os punhais.
Tornei-os desprezíveis,
não me cortam nunca mais.


Leni Martins

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